quarta-feira, 16 de maio de 2012

Monossílabo Tônico


- Eu fiz uma simpatia...
- Qual?
- Escrevi seu nome na cueca em que passei o ano novo.
-  Pra quê?
- Ela era branca, escrevi seu nome. Ah, e fiz um cifrão pedindo dinheiro. E coloquei mais vários outros desejos. Nomes de lugares que eu quero trabalhar e conhecer. Escrevi também que eu queria ser transformado em vampiro, mas acho que isso não vai acontecer.
- Porque?
- É que vampiros meio que são mitologia, apesar de serem bem legais. Principalmente os de True Blood.
- Não, mas porque meu nome na cueca?
- Você é um dos meus desejos de ano novo, ué.
- Caraca, mas porque?
- Sei lá, porque queria ter você mais perto de mim esse ano.
- Nossa!
- É, não sei se anda adiantando muito.
- Jura?
- Juro... Não sei, mas cada vez que vejo uma nova foto sua, sinto mais e mais vontade.
- De que?
- Sei la, de te beijar, estar com você, fazer carinho. Não é amor eu prometo, e nem paixão. Ainda não tive tempo para desenvolver sentimentos tão complexos assim.
- O que é então?
- Não sei o nome, mas é uma coisa boa. Talvez eu possa chamar de carinho.
- Hum.
- É meio inexplicácel, só te vi algumas vezes, mas senti algo diferente. Diferente de atração física, diferente de amizade.
- Tipo oque?
- Tipo quando você me olhou a primeira vez na pista de dança, você lembra?
- Não.
- Mas eu lembro, me olhou com um olhar de te quero, sabe?
- Sério?
- Sim, foi um desses olhares que nos lançam que a gente nunca esquece.
- Não sabia que eu tinha esse fascínio.
- Eu gostei de ter te conhecido, mesmo.
- Eu também
- Mais dai logo você teve que ir, e depois eu tive que ir.
- Idas e Vindas.
- Mas idas do que vindas, eu acho. Escuta, é reciproco?
- Não sei, eu acho que as vezes.
- Eu sou chato?
- Não, eu te adoro.
- Você fala pouco.
- É meu jeito.
- É fofo.
- Obrigado.
- Escuta...
- Diga.
- Você pode me emprestar uma cueca sua?
- Para quê?
- Juro que não é para nada ruim.
- Para que que é?
- Nem para nada pervertido.
- Mas para que é então?
- Talvez eu enterre ela em algum lugar no ano novo...
- Sério?
- Deve ser mais eficaz do que escrever seu nome na minha cueca.
- É meio canino, não? Enterrar cueca...
- Talvez.
- Você é engraçado.
- É o que dizem...
- De que cor você que a cueca?
- Me dá um beijo?

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Rabisco I

Eu já estou acostumado a esquecer todas as coisas que vão, que passam por mim como folha seca em dia de vento. Utilizar o passado como escape do presente faz da saudade umas coisa bonita, e não tão dolorosa em suas lembranças. Alimentar lembranças e memórias ajudam a erguer o nosso caráter, e construir a nossa essência. No entanto,usar lembranças como espelho para o futuro é um grande equívoco. A verdade é que tudo sempre muda. Mudam os amores, mudam os lugares frequentados, mudam as pessoas, mudam os amigos, muda a família. Só o tempo permanece do mesmo modo: sempre passando, compondo destinos, ritmando vidas, reservando surpresas e esculpindo em nossa alma e em nossos rostos a marca de sua passagem....